Não há negrume mais acentuado e letal que o azul silêncio do punhal cravado nas costas, ou a do, da mesma tonalidade, de quem se certifica que o queimado vivo padece até à morte ou à debelação da ferida. Haverá outros negrumes inflamáveis, estratégicos, e todos calçam o coturno. Há estações onde o fim da viagem parece iminente. Como na dor do abandono quando por um motivo de força maior te vês impedido de lutar e mais não te resta para dar que o braço privado da mão. Há silêncios e silêncios. Há o de Judas, das sombras. E há também silêncios precisos, como o de quem morre tranquilo, como o do quem parte sem se despedir por não ser justo depois de dar e cumprir ter de calar roubar ou pedir.