Tens medo da tua ilusão e mais ainda que ela desapareça, e agora, que com o tempo acumulado o que te é dado a ver é um velho gato sozinho, que julgou conhecer-te, tens mais medos que nunca, tens medo das flores, que mudam com o tempo, medo dos jardins, que mudam com o tempo, tens medo dos inclinados e pensas nessa tua ilusão que te faz levantar pela manhã a cerzir, tens medo da água, e do vinho, do vermelho frio, do azul quente, da luz do sol coberto pelas nuvens, e medo de perder o medo, os insetos assustam-te e tens medo dos monstros ao redor, tens medo da luz e da escuridão, tens medo da sombra que se ergue dos rios profundos, tens medo dos beijos do mar que te chegam dos mortos, medo da vertigem que sentes ao olhar para o chão, e medo dos medos edificados de tantas e tantas mãos, os teus medos encolhem-te, adormecem-te, agigantam-te, e perdes a vista ao gato, e a medo ficas-te pelo fogo, o fogo é a tua ilusão, e dela não te afastas, da coragem não abres mão, e a medo sonhas, tens num buquê toda vida, a rosa visita-te quando te morres, a azul tónica justifica admiração, a branca é uma exceção, de mel extraído da colmeia, a vermelha ressuscita-te o coração. Além disso, tens medo do medo e de mais nada.
"Wind Rose"